quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O C.B.A no Jornal A Avezinha


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Arquivo: Edição de 17-09-2009

SECÇÃO: Reportagem

Cão do Barrocal Algarvio esteve à beira da extinção

Identificada como raça algarvia, o Cão de Água não é a única pois o Cão do Barrocal Algarvio, que esteve à beira da extinção está em recuperação graças ao esforço de algumas criadores e da recém constituída Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio




Ao longo de gerações, o Cão do Barrocal Algarvio foi identificado, por caçadores e não só, como “cão abandeirado”, “fraldado”, “felpudo” ou “guedelhudo”, devido à forma da sua cauda e pelo comprido e macio.

Excelente caçador, tanto na caça menor como nas montarias, o Cão do Barrocal Algarvio foi usado ao longo dos tempos pelos caçadores do Algarve, sem que alguém tivesse reparado na sua especificidade e personalidade e com potencial para futuro reconhecimento de mais uma raça portuguesa.

A partir dos anos 60 do século XX e com a massiva introdução utilização de cães de parar, este cão típico do Algarve, esteve à beira da extinção; restaram alguns exemplares nas matilhas e em focos, posteriormente identificados, do Barrocal.

Há mais de 10 anos, José Afonso Correia, o decano dos matilheiros do Algarve, começou a chamar a atenção para a identidade própria deste cão e para a necessidade de o recuperar.

Deste modo, com esse objectivo bem preciso, nasceu a Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, após alguns anos de amadurecimento de ideias muita procura de novos “sangues”.

Para ultrapassar a questão da diversidade de denominações que o identificavam, decidiu-se que Cão do Barrocal Algarvio seria o nome a adoptar, porque identifica o cão, a faixa geográfica de onde procede, o Barrocal e a região a que pertence, o Algarve.

O número de exemplares à partida era exíguo; no enanto, o trabalho intenso de procura para localizar mais animais por toda a Região deu frutos. Desde então, e com esse potencial em mãos, tem sido possível realizar o nosso trabalho.

A Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural do Algarve, organizada pela Federação de Caçadores do Algarve é um importante evento anual da região. Desde 2004 que o Cão do Barrocal Algarvio se faz representar com um número significativo de exemplares. Por exemplo na edição de 2008 com cerca de 100 e na de 2009 alguns mais.

Desde essa data, 2004, que os Drs. Jorge Rodrigues e José Ribeiro, presentes nas sucessivas edições da Feira de Caça fazem observações e identificação, bem como estudos morfométricos em alguns exemplares. O D. Jorge Rodrigues encetou, a partir dessa data, um trabalho fotográfico muito importante para o Cão do Barrocal Algarvio. Em 2008, ambos procederam à recolha de pêlo dos cerca de 100 exemplares presentes na Feira para futura investigação genética, identificando, em simultâneo, graus de parentesco.

Ainda em 2008, com o patrocínio da Federação de Caçadores do Algarve e do seu president, Vítor Palmilha . Actual Presidente da CNCP – procedeu-se à recolha de amostras de sangue dos espécimes existentes, para uma análise de DNA para comprovar a homogeneidade genética do grupo de animais e permitir a comparação com outras raças.

Rogério Teixeira é o presidente da Associação de Criadores do Cão do Barrocal e um dos que mais deseja o seu reconhecimento.

Reconhece que esta raça merece ser credibilizada?

“Tenho cerca de 20. Era um cão que estava distribuído pelas matilhas. De vez em quando aparecia um, depois outro. Havia o perigo de misturar com outras raças e se calhar até se perdeu um bocado.

O José Afonso que há muitos anos tem cães destes, um dia começou a pensar que seria bom recuperar o cão do Barrocal que tinha outro nome.

Então constituímos a associação e a partir daí com alguns problemas, resolvemos chamar-lhe Cão do Barrocal.

A primeira medida foi criar um site. Trouxemos alguns à feira e a criação tornou-se imparável.

A característica fundamental é o rabo, os pêlos nas pastas e a base das orelhas com um tufo. Além disto tem um comportamento diferente dos demais.

O trabalho tem sido muito. Ainda não temos qualquer entidade pública que nos apoiasse ou se dirigisse perguntando se querámos alguma ajuda.

Temos outra dificuldade que é não conseguirmos ter um canil porque ninguém os licencia.

Estes cães são muito meigos

José Afonso Correia, o grande “responsável” pela preservação da raça esclareceu algumas dúvidas.

“Tenho em casa muitos cães desta raça, no Arneiro, próximo e Faro, à volta de 80 exemplares. Aqui estão meus e de outras pessoas.

Não têm pedigree porque ainda não estão registados mas estamos a trabalhar nesse sentido.

As dificuldades são as normais que para se registar qualquer coisa neste paí é sempre difícil. A Federação de Caçadores do Algarve colabora e estamos a trabalhar nesse sentido.

Estes cães não são comercializados. Os seus são utilizados na caça ao javali, aos coelhos, perdizes, etc. São muito bons e rápidos. São cães meigos e para companhia são espectaculares”.

Por: Arménio Aleluia Martins

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