terça-feira, 19 de maio de 2009

Algarviadas

O cão do Barrocal Algarvio insere-se num contexto muito rico de tradições culturais e ele próprio é produto dessa ancestralidade. A propósito dessa especificidade cultural e linguística, foi publicado o livro Algarviadas, da autoria de António Vieira Nunes. É um livro que reúne, em prosa e em verso, termos algarvios que o autor pretende que não sejam esquecidos.

O autor nasceu em 16 de Novembro de 1937, é natural da freguesia do Algoz, onde fez a instrução primária. Na sede do concelho, Silves, Frequentou o Curso Industrial, na antiga Escola Industrial e Comercial. Exerceu durante muitos anos a actividade de serralheiro, fora da Região.

Recorrendo às novas tecnologias, escreveu as Algarviadas, de que a seguir transcrevemos algumas quadras:

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Dizer vai dar banho ò cão
Éi uma frase bêim vulgar
Como éi vulgar dizer atão
Que tamêim éi popular

Onde o sol quente no verão
Faz mudar a cor da pele
Onde bortuêja éi comichão
Onde um cão é um cadele

Javali éi pórco espinhe
Outros chamam javarde
Moço pequeno é mecinhe
Uma chatice é um farde

A voz do burro éi zornar
Tromba de porco éi focinhe
Andar de gatas ingatinhar
Porco pequeno bacorinhe


Um terreno plano é uma varja
Uma encosta é uma chapada
Há terrenos que nã dão marja
Outros que prestam pra nada

Meter na água era pôr de môlho
Tratar da terra era contivar
Apanhar feno raspar restolho
Passar por água enxógar

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Paisagens do Barrocal

O Barrocal Algarvio

Os dicionários de Lingua Portuguesa definem barrocal(barroca+-al) como o lugar onde há barrocas ou barrocos. Esta é a origem etimológica da palavra que identifica uma área geográfica, que sob o ponto de vista morfológico e físico se pode descrever assim:
É uma sub-região do Algarve, comprimida entre o Mar e a Serra, caracteriza-se pela existência de solos calcários, bastante pedregosos, sobretudo à medida que aumenta a altitude, onde apresenta bastantes afloramentos rochosos. O estrato arbóreo, designado Pomar de Sequeiro, é constituído por alfarrobeira ( Ceratonia siliqua), azinheira (Quercus rotundifolia), carrasqueiro (Quercus Coccifera), medronheiro (Arbutus unedo), zambujeiro( Olea europaea var sylvestris), oliveira (Olea europaea), figueira (Ficus carica), e amendoeira (Prunus dulcis).
O mato, extremamente denso, é predominantemente composto por aroeira (Pistacia lentiscus), murta (Myrtus communis), palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis), tojo (Genista hirsuta), tomilho cabeçudo( Thymus lotocephalus), zimbro (Juniperus oxycedrus), alecrim (Rosmarinus officinalis), madressilva (Lonicera periclymenum), rosmanhinho(Lavandula stoechas), salsaparrilha((Smilax aspera) e trovisco (Daphne gnidium).

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Ronaldo e os irmãos pequenos







Este artista bem disposto, da foto acima, é o Ronaldo. Aparece em 2 fases da sua vida:
- na penúltima foto, cachorro, com um ar muito feliz, quase sorridente;
- Na Última foto, mais compenetrado e adulto;
Os pequeninos, das duas fotos anteriores, são seus irmãos, por parte de pai e mãe.
Como se pode verificar, o Cão do Barrocal Algarvio surge com várias cores; por exemplo, os pais do ronaldo são ambos amarelos.
A ACCBA pretende seguir esta política de não limitação (e exclusão) de cores.

Como são lindos e fofinhos





Comissão Técnica do C. P. de Canicultura

Em relatorios/2008 do CPC pode ler-se:

Lisboa, 17/02/09

7ª Comissão (Técnica)

Durante o ano de 2008 a Comissão Técnica, através do seu núcleo executivo, ou Representada por elementos que a integram, tratou dos seguintes assuntos:

Prestou apoio técnico à Direcção e demais órgãos e entidades que o

solicitaram, de acordo com o Plano de Actividades em devido tempo

aprovado. Respondeu em tempo oportuno e com a brevidade requerida às solicitações

de última hora por parte dos serviços da Comissão de Standards da FCI

visando a clarificação de certos aspectos da tradução inglesa dos Estalões das Raças Portuguesas actualizados nas AG do CPC nos últimos anos e finalmente aprovados pela FCI no último trimestre de 2008.

Procedeu a estudos técnico-científicos sobre grupos populacionais caninos

representativos regionais não reconhecidos como variedade ou raça pura, com destaque para o grupo canino conhecido como Cão do Barrocal Algarvio. O universo de cães observados, fotografados, chipados e registados em ficha própria com apontamento de ascendência conhecida ultrapassa os 150

exemplares nos últimos 3 anos. A uma grande parte desses exemplares foi

retirado pêlo que está guardado para futuros estudos genéticos assim que a

Direcção entenda prosseguir com esses estudos.

(…)

http://www.cpc.pt/cpc/relatorios/2008/RC2008_7c.pdf

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Uma medida importante

Aos poucos a Associação de Criadores do cão do Barrocal Algarvio - ACCBA - foi ganhando forma.
Surgiram muitas ideias, alguma controvérsia e apareceram as primeiras dúvidas: que plano de acção traçaríamos?
Nas nossas reuniões essas dúvidas acentuaram-se.. Houve quem falasse em 200 exemplares para início de qualquer processo de reconhecimento. E ficávamos à espera de ter esses exemplares todos? Com a procura de novos sangues, a coisa poderia demorar alguns anos.. E não seria tarde?
Alguém disse que era urgente avançar, porque sabe-se lá se alguem, vindo de outro sítio do planeta, não se apoderava de algo que é património do Algarve...
Por fim, surgiu o consenso!
Umas das medidas de gestão que requeriam mais celeridade tinha a ver com o segurar o nome do Cão. Decidimos que a criação de um site na internet seria a medida imediata.
Eduardo Gonçalves, um ex-aluno da Escola Secundária João de Deus, em Faro, onde trabalho há mais de 20 anos, elaborou-nos a Página - http://caobarrocal.no.sapo.pt/.
Tudo foi mais ou menos gratuito, o trabalho, o alojamento e o domínio. Contudo, cumpriu a sua função conforme tínhamos planeado; tanto assim que ninguém se atreverá a dizer que falou deste cão antes de nós!!!

Ecos de Lisboa

Desde 2004 que o Cão do Barrocal Algarvio se faz repreA Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural do Algarve, organizada pela Federação de Caçadores do Algarve, é um importante evento anual da região. sentar com um número significativo de exemplares – Por ex. na edição de 2008 com cerca de 100.

Desde essa data, 2004, que os Drs. Jorge Rodrigues e José Ribeiro, presentes nas sucessivas edições da Feira de Caça fazem observações e identificação, bem como estudos morfométricos em alguns exemplares. O Dr. Jorge Rodrigues encetou a partir dessa data um trabalho fotográfico muito importante para o Cão do Barrocal Algarvio. Em 2008, ambos procederam à recolha de pêlo dos cerca de 100 exemplares presentes na Feira para futura investigação genética, identificando, em simultâneo, graus de parentesco.
Relatório e Contas de 2005 do CPC é referido o seguinte:

"Na Feira de Caça e Pesca do Algarve (7/05) procedeu-se à observação e registo fotográfico de mais de três
dezenas de exemplares do chamado Cão do Barrocal Algarvio concentrados em mostra organizada por caçadores locais,
na maioria exemplares novos em relação aos observados no ano de 2004
."

Obrigado a quem colocou no Youtube

O cão do Barrocal na TVI em 2005

As primeiras aparições públicas

Feira de caça e Pesca do Algarve

As primeiras reacções

Inicialmente a nossa pretensão motivou reacções muito diversas.
Para uns era um devaneio e uma Invençao; para outros, uma brincadeira de chicos espertos;
para alguns, uma enorme minoria, recebemos palavras de incentivo e, entre eles não existiam muitos caçadores, para surpresa minha, do Zé Afonso, do Carlos..
É curioso que, a partir desse espanto inicial, vários caçadores, de variados pontos
do Algarve, afirmavam: "essa raça começou com um cão que o meu pai tinha lá.."
Como os pais estavam espalhados ao longo do Algarve, é natural que
os cães tambémo o estivessem..! E estavam, como ficou confirmado pela procura
que o zé Afonso e o Carlos fizeram; Encontraram exemplares desde Silves a Tavira.
A nossa tese confirmava-se. Este cão tinha de facto uma identidade e uma área geográfica
de onde provinha, a comprida faixa que atravessa longitudinalmente o Algarve, a
que os geógrafos convencionaram chamar de Barrocal.
A primeira etapa estava ultrapassada, muito havia a fazer..!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Expocaça

www.regiao-sul.pt

Zé Afonso


Este homem que veêm na foto, a prender uma cadela do Barrocal algarvio na Expocaça 2009, é o meu amigo Zé Afonso. A ele se deve a chamada de atenção e a insistência para a recuperação de um cão que, não fora o seu empenho, em alguns anos estaria extinto.
Lembro-me - e muitos caçadores também- que na sua matilha de Caça Maior pontificavam excelentes exemplares, como o Cavalinho, o gavião, o Carrasco; nesse tempo, e falo de há 7 /10 anos atrás, o Cão abandeirado, felpudo, Lanudo, ou guedelhudo era simplesmente um cão diferente que aparecia nas matilhas e na caça aos coelhos.
Por essa época, começou a germinar a ideia de constituir uma Associação que poderia ser - e foi -o ponto de partida para a recuperação deste cão típico..
O baptismo do cão, da nossa responsabilidade, teve em conta a sua área de origem, a faixa comprimida entre o Litoral e a Serra, a que se convencionou chamar de Barrocal; trata-se de um terreno dificil, com muitos carrascos e tojos, o que não constitui obstáculo para o nosso cão.
Nesses momentos iniciais, muito calcorreou o amigo Afonso - e o Carlos Cordeiro, outro amigo destas lides - à procura de novos exemplares; com sucesso, diga-se!
A semente estava lançada e, neste momento, o processo parece-nos imparável, é essa a nossa convicção! E, neste contexto, o nosso amigo Zé Afonso, foi a figura primordial!
Acrescente-se que actualmente - e só à sua conta - terá mais de 80 exemplares do Cão do Barrocal Algarvio..


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