segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Onde Para o Coelho? 2

terça-feira, 10 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Os nossos bébés



terça-feira, 3 de novembro de 2009

O cão do Barrocal Algarvio no Jornal do Algarve


O cão do Barrocal Algarvio no Jornal do Algarve


Entrevista de Sofia Cavaco Silva

Depois de determinadas cinco linhagens a associação mergulhará na investigação genética

Cão do Barrocal Algarvio no rasto do reconhecimento

A confirmar-se geneticamente que o cão do Barrocal Algarvio é uma raça completamente diferente do podengo ou outra raça que lhe possa ser atribuída, o Algarve garantirá mais uma raça própria que não poderá ser reivindicada por outros. Segundo os fundadores da Associação de Criadores do cão do Barrocal Algarvio, depois de concluído este processo e dadas as características do animal, a sua proliferação pelo mundo fora, envergando o nome Algarve será uma realidade incontornável. Um património da região que ficará garantido mas que não tem obtido grande atenção das entidades oficiais


Com uma presença no Algarve cuja memória oral das gentes do interior da região fazem recuar pelo menos duas centenas de anos, o Cão do Barrocal Algarvio só passou a ter este nome depois da entrada no novo milénio. Neste momento, este cão continua a ser divulgado, criado, reproduzido e promovido pela Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, uma associação sem fins lucrativos e cujo objectivo passa pelo não deixar perder uma raça algarvia que consideram ter características extraordinárias e nem deixar que ela seja reconhecida como raça noutro país. “Temos a convicção que é um cão diferente dos outros”, refere Rogério Teixeira, um dos membros fundadores da associação.

Actualmente a associação conta com pouco mais de uma dúzia de sócios e está a criar as condições necessárias para que a raça seja reconhecida pela Associação Portuguesa de Canicultura. Para que se concretize esse reconhecimento é preciso que existam pelo menos duzentos exemplares sem misturas com outras raças e têm de existir pelo menos cinco linhagens diferentes.

De acordo com os entrevistados, Rogério Teixeira e José Afonso Correia, deverão existir actualmente perto de mil cães, mas só contam os que provarem através de análises de sangue que não têm relação de consanguinidade e tenham linhagem identificada. “Estamos a tentar identificar as linhagens para fazer os cruzamentos”, refere Rogério Teixeira recordando que já foram feitas algumas análises na Universidade do Algarve. Os resultados obtidos que incluíram 15 cães indicaram que 11 deles eram precisamente iguais e totalmente diferentes dos resultados existentes de outros animais. Resultados que vieram trazer mais ânimo ao grupo de criadores.

Em entrevista ao Jornal do Algarve, Rogério Teixeira sublinha que o trabalho que vêm desenvolvendo visa “assegurar o cão enquanto raça algarvia, património do Algarve. Precisamente para não dar azo a que aconteça o que aconteceu com outros cães portugueses que aparecem noutros lados com o nome desses países como é o caso do cão de água espanhol, quando segundo se diz o cão de água era todo do Algarve”.

“Temos a convicção que é um cão diferente dos outros”

Com presença assídua na Feira de Caça e Pesca do Algarve, a associação tem vindo a trabalhar para conseguir delinear de forma clara as linhagens e perceber as características de cada animal para perceber os traços que definem este cão. Nesse sentido, têm percorrido o Algarve de uma ponta à outra para procurar mais exemplares. “O número de exemplares à partida era exíguo; No entanto, o trabalho intenso de procura para localizar mais animais por toda a região deu frutos”, refere a associação no seu espaço virtual (www.caodobarrocalalgarvio.com). Por outro lado, desde 2004 que dois especialistas têm vindo a fazer recolha de diversos dados sobre vários cães do barrocal que são apresentados.

Estudos morfométricos, recolhas de pêlo, fotografias e outras observações têm sido reunidas por estes especialistas que futuramente pretendem disponibilizar estes dados para a elaboração do derradeiro estudo científico que irá determinar se o cão do barrocal é ou não é uma raça única e não apenas uma sub-raça do podengo como, de resto, também existem alguns defensores.

“Que há representatividade, alguma homogeneidade de tipo, dedicados e apaixonados criadores é um facto, mas não chega”, referiu Jorge Rodrigues, juiz de exposições de cães de parar e de raças portuguesas na última Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural. Apesar de deixar as certezas para depois de concluídos os estudos genéticos, este especialista pensa que a História pode dar um contributo importante para esclarecer e justificar a presença de uma raça diferente que não possa ser considerada uma sub-raça dos podengos. Recordando que o Algarve foi ocupado por árabes entre 711 e 1249. “Para esses povos que em geral designamos de Mouros ficaram por cá, miscigenados com as populações da Reconquista (moçárabes). Para a religião islâmica professada por estes árabes invasores, os cães eram considerados impuros, mas havia uma excepção – o Saluki – considerado uma dádiva de Alá e que já era representado pelos Sumérios cerca de 7000 anos a.C. e considerado pelos egípcios o Nobre. O Saluki é um galgo ligeiro de pêlo curto, tem um crânio estreito e focinho pontiagudo, orelhas caídas abundantemente peludas, membros felpudos atrás e a garupa algo descaída com os ossos ilíacos salientes; a cauda é felpuda e enrola um pouco”, refere o especialista. Em tom de graça diz que este seu raciocínio pode não passar de uma estória, mas remata: “mas a História confere-lhe fundamento”.

Apesar das confirmações e incentivos que a associação tem vindo a receber ao longo dos anos, os seus sócios continuam a sentir que esta tem sido uma luta solitária que as entidades oficiais da região não souberam até agora abraçar.

“Não percebo porque é que os políticos não nos apoiam, porque isto promove o Algarve. Realmente já toda a gente fala do cão do Barrocal Algarvio e o algarvio está sempre associado”, refere Rogério Teixeira. Se ao nível das candidaturas para as autárquicas dizem ter sido convidados a reunir com um candidato, lamenta que o interesse não seja mais alargado e inclua, por exemplo, os recém eleitos deputados da Assembleia da República pelo Distrito de Faro. Garantindo que não estão nesta luta por dinheiro mas sim por paixão, lamentam que o trabalho científico relativo à identificação da raça não possa ser co-financiado com fundos comunitários ou nacionais.

Independentemente do modo como as entidades oficiais olham para o cão do barrocal, a associação vai continuar a sua luta. “Nós gostamos do cão e do que estamos a fazer. Portanto, não desistimos às boas”, garante José Afonso Correia acrescentando que “o cão sempre existiu e vai continuar a existir cá no Algarve”.

CAIXA

Como reconhecer um Cão do Barrocal Algarvio

Principais Qualidades: Excelente companhia, cão de guarda e de caça tanto para o coelho como para a perdiz e até para o Javali. Dinâmico, perspicaz, rápido e demonstra óptimo relacionamento com as crianças.

Cabeça: bem levantada, leve e fina com stop ligeiramente pronunciado. Crânio ligeiramente mais curto que o chanfro nasal;

Olhos: semi-oblíquos em forma de amêndoa, devido à grande intensidade solar que se faz sentir na região que lhe dá origem. O castanho é a cor predominante.

Orelhas: Com implantação alta, erectas e pontiagudas em forma de pirâmide;

Pescoço: Seco e de médio comprimento;

Linha Dorsal: semi-arqueada;

Tórax: de média profundidade, chegando aos codilhos ou ligeiramente mais abaixo, o que lhe permite grande resistência na caça;

Membros: secos, forte e aprumados;

Ventre: l.igeiramente arregaçado;

Cauda: comprida, chegando abaixo dos corvilhões, de pelo liso e comprido que em acto venatório ou alerta, forma uma bandeira;

Pêlo: liso e médio, muito macio, sem sub-pêlo, razão pela qual é designado de Felpudo, Lanudo ou Fraldado;

Cores: Mais frequentes são amarelos (claro, escuro e fulvo), preto, castanho (claro e escuro), branco unicolor ou malhado, conjugando qualquer das cores anteriores;

Altura: Macho - 45/55 cm ; Fêmea – 40/50 cm

Peso: Macho 20/25 kg ; Fêmea 15 / 20 kg.


III Feira da Perdiz




Estivemos lá

"Organizada pela Câmara Municipal de Alcoutim, a qual visa promover o concelho como zona privilegiada da cinegética nacional, nomeadamente caça à perdiz vermelha, é já no próximo fim-de-semana que se vai realizar a Feira da Perdiz em Martim Longo.
O evento, que já vai na edição, decorrerá no fim-de-semana de 30, 31 de Outubro e 01 de Novembro, no Pavilhão José Rosa Pereira, o qual , segundo a organização terá uma grande variedade de artigos ligados á caça, exposições de espécies cinegéticas, artesanato, gastronomia regional, animação musical e actividades radicais, são alguns dos atractivos desta feira, que, nas edições anteriores, tem trazido centenas de visitantes ao concelho." In Região Sul

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O C.B.A no Jornal A Avezinha


foto


Arquivo: Edição de 17-09-2009

SECÇÃO: Reportagem

Cão do Barrocal Algarvio esteve à beira da extinção

Identificada como raça algarvia, o Cão de Água não é a única pois o Cão do Barrocal Algarvio, que esteve à beira da extinção está em recuperação graças ao esforço de algumas criadores e da recém constituída Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio




Ao longo de gerações, o Cão do Barrocal Algarvio foi identificado, por caçadores e não só, como “cão abandeirado”, “fraldado”, “felpudo” ou “guedelhudo”, devido à forma da sua cauda e pelo comprido e macio.

Excelente caçador, tanto na caça menor como nas montarias, o Cão do Barrocal Algarvio foi usado ao longo dos tempos pelos caçadores do Algarve, sem que alguém tivesse reparado na sua especificidade e personalidade e com potencial para futuro reconhecimento de mais uma raça portuguesa.

A partir dos anos 60 do século XX e com a massiva introdução utilização de cães de parar, este cão típico do Algarve, esteve à beira da extinção; restaram alguns exemplares nas matilhas e em focos, posteriormente identificados, do Barrocal.

Há mais de 10 anos, José Afonso Correia, o decano dos matilheiros do Algarve, começou a chamar a atenção para a identidade própria deste cão e para a necessidade de o recuperar.

Deste modo, com esse objectivo bem preciso, nasceu a Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, após alguns anos de amadurecimento de ideias muita procura de novos “sangues”.

Para ultrapassar a questão da diversidade de denominações que o identificavam, decidiu-se que Cão do Barrocal Algarvio seria o nome a adoptar, porque identifica o cão, a faixa geográfica de onde procede, o Barrocal e a região a que pertence, o Algarve.

O número de exemplares à partida era exíguo; no enanto, o trabalho intenso de procura para localizar mais animais por toda a Região deu frutos. Desde então, e com esse potencial em mãos, tem sido possível realizar o nosso trabalho.

A Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural do Algarve, organizada pela Federação de Caçadores do Algarve é um importante evento anual da região. Desde 2004 que o Cão do Barrocal Algarvio se faz representar com um número significativo de exemplares. Por exemplo na edição de 2008 com cerca de 100 e na de 2009 alguns mais.

Desde essa data, 2004, que os Drs. Jorge Rodrigues e José Ribeiro, presentes nas sucessivas edições da Feira de Caça fazem observações e identificação, bem como estudos morfométricos em alguns exemplares. O D. Jorge Rodrigues encetou, a partir dessa data, um trabalho fotográfico muito importante para o Cão do Barrocal Algarvio. Em 2008, ambos procederam à recolha de pêlo dos cerca de 100 exemplares presentes na Feira para futura investigação genética, identificando, em simultâneo, graus de parentesco.

Ainda em 2008, com o patrocínio da Federação de Caçadores do Algarve e do seu president, Vítor Palmilha . Actual Presidente da CNCP – procedeu-se à recolha de amostras de sangue dos espécimes existentes, para uma análise de DNA para comprovar a homogeneidade genética do grupo de animais e permitir a comparação com outras raças.

Rogério Teixeira é o presidente da Associação de Criadores do Cão do Barrocal e um dos que mais deseja o seu reconhecimento.

Reconhece que esta raça merece ser credibilizada?

“Tenho cerca de 20. Era um cão que estava distribuído pelas matilhas. De vez em quando aparecia um, depois outro. Havia o perigo de misturar com outras raças e se calhar até se perdeu um bocado.

O José Afonso que há muitos anos tem cães destes, um dia começou a pensar que seria bom recuperar o cão do Barrocal que tinha outro nome.

Então constituímos a associação e a partir daí com alguns problemas, resolvemos chamar-lhe Cão do Barrocal.

A primeira medida foi criar um site. Trouxemos alguns à feira e a criação tornou-se imparável.

A característica fundamental é o rabo, os pêlos nas pastas e a base das orelhas com um tufo. Além disto tem um comportamento diferente dos demais.

O trabalho tem sido muito. Ainda não temos qualquer entidade pública que nos apoiasse ou se dirigisse perguntando se querámos alguma ajuda.

Temos outra dificuldade que é não conseguirmos ter um canil porque ninguém os licencia.

Estes cães são muito meigos

José Afonso Correia, o grande “responsável” pela preservação da raça esclareceu algumas dúvidas.

“Tenho em casa muitos cães desta raça, no Arneiro, próximo e Faro, à volta de 80 exemplares. Aqui estão meus e de outras pessoas.

Não têm pedigree porque ainda não estão registados mas estamos a trabalhar nesse sentido.

As dificuldades são as normais que para se registar qualquer coisa neste paí é sempre difícil. A Federação de Caçadores do Algarve colabora e estamos a trabalhar nesse sentido.

Estes cães não são comercializados. Os seus são utilizados na caça ao javali, aos coelhos, perdizes, etc. São muito bons e rápidos. São cães meigos e para companhia são espectaculares”.

Por: Arménio Aleluia Martins

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pergunta frequente


Temos sido frequentemente abordados, directamente ou via mail, com a seguintes questões: " Quando estão disponíveis as primeira ninhadas?" ou "Como posso adquirir um Cão do Barrocal Algarvio?"
Compreendemos as questões e agradecemos muito o interesse que os nossos amigos têm no nosso Cão e no trabalho que desenvolvemos; no entanto, não queimaremos etapas com o objectivo de acelerar o processo, É fundamental dar passos muito seguros!
O poeta espanhol António machado escreveu "O caminho faz-se caminhando"; nós, Associação de Criadores do Cão do barrocal Algarvio, seguimos o rumo que previamente traçámos e que, acreditamos, nos levará ao reconhecimento do nosso Cão.
Pontualmente, temos oferecido cães aos amigos. A estes - e aos cães - tentamos não lhes perder a pista. É importante que assim seja, sobretudo, para evitar os erros do passado que, lembre-se, quase levaram à extinção do Cão do barrocal Algarvio.
Este trabalho de casa é fundamental, como será a investigação genética.
Mais tarde falaremos!

domingo, 5 de julho de 2009

XIV Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural






A participação do Cão do Barrocal Algarvio na XIV Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural, organizada pela Federação de Caçadores do Algarve, foi um sucesso.
Os 80 exemplares expostos na Feira foram objecto de curiosidade e atenção por parte dos muitos milhares de visitantes que passaram pelo certame.
Notámos, com muito agrado, que algumas entidades começam a reconhecer o nosso esforço e dedicação à causa do Cão do Barrocal e que algumas ajudas (não falo em dinheiro) poderão chegar em breve.
É evidente que não esquecemos o apoio que alguns amigos, já referenciados nestas paginas, nos têm dado..
A Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, enquanto filiada da Federação de Caçadores do Algarve, fez-se representar no almoço anual com os clubes e associações, que ocorre sempre durante a Feira e que contou com a presença do Sr. Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Dr. Jaime Silva.
Na ocasião, oferecemos ao Sr. Vitor Palmilha, Presidente da FCA e da CNCP, uma pintura do artista Roman Markov, um ucraniano residente no Algarve, representando o Cão do Barrocal Algarvio.
A nossa participação na Feira, edição de 2009, terminou com a V Concurso do Cão do Barrocal Algarvio.

domingo, 28 de junho de 2009

A opinião do Dr. Jorge Rodrigues























Dr. Jorge Rodrigues

Juiz de Exposições de Cães de Parar e de Raças Portuguesas

Juiz de Provas de Caça de Cães de Parar

Juiz de Provas de S. Huberto para Caçador com Cão de Parar

dr.jrodrigues@netcabo.pt



O Dr. Jorge Rodrigues publicou um artigo na revista da XIV Feira de Caça e Pesca e do Mundo Rural (do Algarve) - edição de 2009 - que, com a sua permissão, passamos a transcrever (com as limitações que o formato do blogue impõe):


CÃO DO BARROCAL ALGARVIO

- Poderão a História e a Morfologia explicar a sua Origem? –

O agrupamento canino conhecido como Cão do Barrocal Algarvio é hoje uma realidade e mais uma vez a sua presença nos terrenos de caça ou nas Feiras e certames cinegéticos o atestam.

Mostras anuais na Feira de Caça e Pesca do Algarve, muito participadas no ultimo decénio, a par de um crescente interesse de caçadores e de cinófilos relançam a questão de saber se estamos perante uma variedade de uma raça já existente ou no limiar do que poderá vir a ser uma nova raça.

Que há representatividade, alguma homogeneidade de tipo, dedicados e apaixonados criadores é um facto, mas não chega.

Dois aspectos são relevantes – colocar a Ciência ao serviço dos interesses regionais e nacionais e fundamentar possíveis origens, fornecendo contributos para escrever a sua História, de modo a individualizar essa possível raça perante as congéneres.

No primeiro caso, um grupo de interessados fundou uma Associação de Criadores, defensora dos interesses e divulgadora do Cão do Barrocal. Aguarda-se e é desejável uma participação mais dinâmica por parte de quem no nosso país tem poderes na área da cinofilia e cinotecnia – falo dos Serviços do Ministério da Agricultura e do Clube Português de Canicultura. Ao longo dos últimos cinco ou seis anos tivémos a oportunidade de inventariar, identificar e registar em imagens, inúmeros exemplares presentes em mostras e concentrações na Feira Algarve. Também tem sido possível a colheita de sangue e de pêlo de muitos cães deste grupo, bem como de podengos, para avaliação de DNA e estudos científicos na área cinotécnica. Recentemente foi conhecido o interesse das Universidades do Algarve e dos Açores em fazer esses estudos, estando esse material “religiosamente” guardado, já que como se poderá perceber, o caminho está cheio de escolhos e de “velhos do Restelo” que tentarão por todos os meios impedir que algo de útil se faça, como é hábito neste País de mentes pequeninas…

Trago hoje o que poderá ser um pequeno contributo para o segundo item – a História do Cão do Barrocal. São hipóteses que lanço em discussão, mas que a ciência poderá provar sem grandes dificuldades, assim haja a visão que outros que nos antecederam tiveram em Sagres e que tanto falta aos contemporâneos…

Na edição 2008 da Feira Algarve, na qualidade de Presidente da Comissão Técnica do Clube Português de Canicultura (cargo de que saí no início de 2009) em companhia dos membros mais destacados da Associação de Criadores do Cão do Barrocal e do veterinário José Ribeiro, habitual companheiro nestas andanças de matilhas e de “barrocais”, tive finalmente a oportunidade de levar a ver esses cães dois experimentados Juízes Internacionais de Morfologia Canina, Rui Oliveira e Zeferino Silva. E curiosamente, mal observaram esses cães ambos exclamaram – oh pá, afinal isto são Salukis…

Ao que retorqui – quanto muito terão influência de Salukis, agora Salukis abastardados não são…

Confesso que ganhava alguma consistência o que me tinha parecido quando observei pela primeira vez alguns exemplares ditos mais representativos, vai para uma dúzia de anos…

Poderá a História explicar ??

Talvez possa. Vamos aos factos. A História das tribos Berberes que dominavam o Norte de África diz-nos que regiões como a Numídia e o Magrebe foram sucessivamente ocupadas por Cartagineses, Romanos, Vândalos (estes provenientes das Espanhas) e Bizantinos.

No século VII d.C. vagas sucessivas de árabes foram ocupando todo o Norte de África e quase toda a Península Ibérica (excepto as Astúrias). Esses conquistadores árabes expandiram por tão vasto território a religião islâmica e a língua árabe, dominando, ou mesmo afastando na maior parte dos casos para o deserto a sul, as tribos berberes. Embora alguma coexistência de berberes e árabes tenha persistido no Magrebe

Povos tradicionalmente pastores e caçadores, serviam-se de cães para a caça. E que cães tinham estes povos de que falamos?

Os berberes usavam o Sloughi, uma raça actualmente considerada marroquina, de pêlo curto, galgo para caçar lebres e pequenos mamíferos. Como os seus donos foram afastados para o deserto ou para as montanhas, apenas alguns se terão misturado com os árabes invasores pelo que esse galgo marroquino terá pouco interesse para a nossa história.

Os árabes, que dominaram uma vasta região compreendendo o Médio Oriente, todo o Norte de África (600-1918) e a Ibéria (711-1492) permaneceram oficialmente no Reino do Algarve (Al-gharb, o Ocidente) entre 711 e 1249. Mas obviamente que esses povos que em geral designamos de Mouros ficaram por cá, miscigenados com as populações da Reconquista (moçárabes). Para a religião islâmica professada por estes árabes invasores, os cães eram considerados impuros, mas havia uma excepção – o Saluki – considerado uma dádiva de Alá e que já era representado pelos Sumérios cerca de 7000 anos a.C. e considerado pelos egípcios o Nobre. O Saluki é um galgo ligeiro de pêlo curto, tem um crânio estreito e focinho pontiagudo, orelhas caídas abundantemente peludas, membros felpudos atrás e a garupa algo descaída com os ossos ilíacos salientes; a cauda é felpuda e enrola um pouco. Distribuía-se por um extenso território do Mar Cáspio ao Sara acompanhando os árabes dominadores e apresentava cor fulva e dourada nos desertos dourados, cores muito escuras nas lavas negras do deserto e cores amarelo muito claro nas areias do Norte de África.

Embora a História registe a chegada dos Salukis à Europa e aos EUA apenas no século XIX, através de ofertas de sheiks e famílias árabes dominantes a príncipes e classes abastadas europeias, é lícito pensar que se os árabes estiveram na Ibéria tantos anos, trouxeram de certeza os seus cães para os ajudar na caça como meio de sustento ou mesmo para actividade lúdica das classes dominantes. E tem lógica deduzir que foram ficando nos locais mais inacessíveis do nosso território, onde os “mouros” não convertidos se foram aguentando mais tempo, depois do século XIII. Essas populações conquistadas e seus cães permaneceram na capital – Silves – nas serras algarvias e no Barrocal, este último local de subsistência alimentar das populações algarvias.

Daí à “mistura” com os cães que por todo o resto do território eram usados e que eram comuns na caça ao coelho e ao javali é um pequeno passo. E de facto, embora tenhamos de ter a precaução de esperar pelos estudos genéticos que possam atestar esta ideia, podemos verificar que o Cão do Barrocal do Algarve junta em si, tanto em termos morfológicos como funcionais, características que são típicas de uma raça considerada autóctone portuguesa – o Podengo Português, também com origem nos povos árabes que o trouxeram – associadas a características bem vincadas no Saluki (e que não existem no Sloughi marroquino) as quais poderão ter persistido, em “pólos genéticos” no antiquíssimo Reino dos Algarves dado o isolamento do território.

Pode ser uma estória que vos conto…

Mas a História confere-lhe fundamento. Assim os Homens da Ciência queiram estudar este caso de possível persistência de genes árabes na Ibéria, que a ser verdade, pode reescrever completamente a História deste galgo do Médio Oriente.


Legenda para as fotos (4)

1. Cão do Barrocal Algarvio 2.Árabe com Saluki 3. Podengo Português 4. O Saluki

sexta-feira, 26 de junho de 2009

XIV Feira da Caça e Pesca e do Mundo Rural


A XIV Feira da Caça e Pesca e do Mundo Rural foi apresentada à Comunicação Social, Numa cerimónia que contou com a presença dos edis de Faro e Loulé, respectivamente, Drs José Apolinário e Seruca Emídio.
Vitor Palmilha, Presidente da Federação de Caçadores do Algarve, disse que esta edição será a maior de sempre e que o Cão do Barrocal Algarvio vai ser um dos destaques da Feira.

Dias 3, 4 e 5 de Julho estaremos no Estádio Algarve, na exposição de matilhas, com 40 exemplares.
Esperamos a sua visita.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Galeria

Subsídios comunitários

Há quem diga que Portugal, nos últimos 10/15 anos, devido à (má) utilização dos subsídios europeus, tem vivido um estado artificial, não correspondente à nossa realidade, o que inevitavelmente nos trará reflexos negativos para o futuro.

Há, no entanto, quem, refutando essa posição negativista, afirme que, com a política de aplicação de subsídios, o nosso País deu um grande passo em frente, no sentido de se colocar no pelotão da frente da Europa e do mundo.

Quem tem razão? A nossa posição guardamo-la para outra ocasião! Recorrendo ao dito popular “ Ninguém dá nada a ninguém” sabemos que o dinheiro da Europa também é nosso, logo deve ser usado com algum cuidado.

Pese a boa ou má utilização que os fundos comunitários tiveram entre nós, instalou-se o preconceito de que qualquer actividade que inove, ou recrie, é uma descarada caça ao subsídio.

Esta introdução vem a propósito de questões que frequentemente são colocadas aos membros da Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio no sentido de saber quanto recebemos pela recuperação do nosso Cão. E a resposta é: nada. Pelo contrário, todo este processo nos tem levado muitos milhares de euros, em cuidados e alimentação e tudo o que envolve a criação de cães. E, como não comercializamos, nem um cêntimo entrou.

O que nos move, então? O amor a este cão de quem conhecemos as características e as muitas capacidades! E o desejo de que no futuro se constitua como mais uma raça portuguesa!

A propósito e com muita sinceridade, aguardamos uma palavra de incentivo das entidades oficiais nacionais e sobretudo das regionais. Infelizmente esse incentivo ainda não chegou. Afinal, estamos a recuperar parte do nosso património cultural! Nunca é tarde..

terça-feira, 19 de maio de 2009

Algarviadas

O cão do Barrocal Algarvio insere-se num contexto muito rico de tradições culturais e ele próprio é produto dessa ancestralidade. A propósito dessa especificidade cultural e linguística, foi publicado o livro Algarviadas, da autoria de António Vieira Nunes. É um livro que reúne, em prosa e em verso, termos algarvios que o autor pretende que não sejam esquecidos.

O autor nasceu em 16 de Novembro de 1937, é natural da freguesia do Algoz, onde fez a instrução primária. Na sede do concelho, Silves, Frequentou o Curso Industrial, na antiga Escola Industrial e Comercial. Exerceu durante muitos anos a actividade de serralheiro, fora da Região.

Recorrendo às novas tecnologias, escreveu as Algarviadas, de que a seguir transcrevemos algumas quadras:

.
Dizer vai dar banho ò cão
Éi uma frase bêim vulgar
Como éi vulgar dizer atão
Que tamêim éi popular

Onde o sol quente no verão
Faz mudar a cor da pele
Onde bortuêja éi comichão
Onde um cão é um cadele

Javali éi pórco espinhe
Outros chamam javarde
Moço pequeno é mecinhe
Uma chatice é um farde

A voz do burro éi zornar
Tromba de porco éi focinhe
Andar de gatas ingatinhar
Porco pequeno bacorinhe


Um terreno plano é uma varja
Uma encosta é uma chapada
Há terrenos que nã dão marja
Outros que prestam pra nada

Meter na água era pôr de môlho
Tratar da terra era contivar
Apanhar feno raspar restolho
Passar por água enxógar

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Paisagens do Barrocal

O Barrocal Algarvio

Os dicionários de Lingua Portuguesa definem barrocal(barroca+-al) como o lugar onde há barrocas ou barrocos. Esta é a origem etimológica da palavra que identifica uma área geográfica, que sob o ponto de vista morfológico e físico se pode descrever assim:
É uma sub-região do Algarve, comprimida entre o Mar e a Serra, caracteriza-se pela existência de solos calcários, bastante pedregosos, sobretudo à medida que aumenta a altitude, onde apresenta bastantes afloramentos rochosos. O estrato arbóreo, designado Pomar de Sequeiro, é constituído por alfarrobeira ( Ceratonia siliqua), azinheira (Quercus rotundifolia), carrasqueiro (Quercus Coccifera), medronheiro (Arbutus unedo), zambujeiro( Olea europaea var sylvestris), oliveira (Olea europaea), figueira (Ficus carica), e amendoeira (Prunus dulcis).
O mato, extremamente denso, é predominantemente composto por aroeira (Pistacia lentiscus), murta (Myrtus communis), palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis), tojo (Genista hirsuta), tomilho cabeçudo( Thymus lotocephalus), zimbro (Juniperus oxycedrus), alecrim (Rosmarinus officinalis), madressilva (Lonicera periclymenum), rosmanhinho(Lavandula stoechas), salsaparrilha((Smilax aspera) e trovisco (Daphne gnidium).

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Ronaldo e os irmãos pequenos







Este artista bem disposto, da foto acima, é o Ronaldo. Aparece em 2 fases da sua vida:
- na penúltima foto, cachorro, com um ar muito feliz, quase sorridente;
- Na Última foto, mais compenetrado e adulto;
Os pequeninos, das duas fotos anteriores, são seus irmãos, por parte de pai e mãe.
Como se pode verificar, o Cão do Barrocal Algarvio surge com várias cores; por exemplo, os pais do ronaldo são ambos amarelos.
A ACCBA pretende seguir esta política de não limitação (e exclusão) de cores.

Como são lindos e fofinhos





Comissão Técnica do C. P. de Canicultura

Em relatorios/2008 do CPC pode ler-se:

Lisboa, 17/02/09

7ª Comissão (Técnica)

Durante o ano de 2008 a Comissão Técnica, através do seu núcleo executivo, ou Representada por elementos que a integram, tratou dos seguintes assuntos:

Prestou apoio técnico à Direcção e demais órgãos e entidades que o

solicitaram, de acordo com o Plano de Actividades em devido tempo

aprovado. Respondeu em tempo oportuno e com a brevidade requerida às solicitações

de última hora por parte dos serviços da Comissão de Standards da FCI

visando a clarificação de certos aspectos da tradução inglesa dos Estalões das Raças Portuguesas actualizados nas AG do CPC nos últimos anos e finalmente aprovados pela FCI no último trimestre de 2008.

Procedeu a estudos técnico-científicos sobre grupos populacionais caninos

representativos regionais não reconhecidos como variedade ou raça pura, com destaque para o grupo canino conhecido como Cão do Barrocal Algarvio. O universo de cães observados, fotografados, chipados e registados em ficha própria com apontamento de ascendência conhecida ultrapassa os 150

exemplares nos últimos 3 anos. A uma grande parte desses exemplares foi

retirado pêlo que está guardado para futuros estudos genéticos assim que a

Direcção entenda prosseguir com esses estudos.

(…)

http://www.cpc.pt/cpc/relatorios/2008/RC2008_7c.pdf